Só que essa baiana de riso fácil e contagiante perdeu um pouco de brilho nos últimos dias. Após pouco mais de uma semana de luta, na noite dessa quarta-feira (25/9), o samba de Dona Ilza tocou mais triste, ou nem bateu. Ela perdeu o companheiro e amor de tantos carnavais. Silenciaram Moacir, que significa “filho do sofrimento” na língua-geral tupi-guarani; morreu o marido de bambas, versos e prosas.
Dores no peito fizeram Moacir ser levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Tanto a família quantos os médicos que prestaram os primeiros socorros foram bem claros: o paciente é alérgico à dipirona. Registro feito, o que foi prescrito pelo plantonista e injetado em Seu Moacir? Dipirona! Resultado: o coração do sambista bateu descompassado, quase parou “no meio da avenida”, no meio do pronto-socorro. Na sequência, internação, entubamento e, por fim, a morte.
O enredo desse samba, no final do desfile, foi transformado em nota triste e melancólica. As alas passaram, mas parece não haver mais motivo para apuração. É a dor de perder o amigo, o marido, o pai, o avô, o companheiro, o sambista... Moacir foi desfilar no Céu; Dona Ilza, queira Deus, que continue a bailar pela Terra. Já cantou Clara Guerreira os versos de Nelson Cavaquinho, “o sol há de brilhar mais uma vez”...
*Avenida Dantas Barreto, localizada no bairro de Santo Antônio, no Centro do Recife (PE), é a “passarela” de diversas manifestações culturais durante o Carnaval. Por ela, desfilam escolas de samba, blocos, troças, ursos, maracatus, tribos e foliões.
Francisco Danilo Shimada, após saber da morte do marido de uma querida amiga e prestes a ir ao otorrino por conta de uma infecção na garganta que já dura dez dias.