quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Quem sou eu e por que escolhi o jornalismo como profissão – Uma segunda tentativa*

Foto feita pela amiga, nobre companheira de profissão e assessora de Comunicação da Delegação do Paraná, Josi Schmidt, durante os Jogos Escolares da Juventude Belém 2013. Entrevistando a jogadora de vôlei de praia Monique Rossato no Portal da Amazônia, no Pará, em novembro de 2013.

Há quase um ano, em dezembro de 2012, o jornalista Edward Pimenta me entrevistava em um hotel localizado na praia de Boa Viagem, no Recife (PE). Tratou-se da última fase do processo seletivo para o Curso Abril de Jornalismo 2013. Deixei o local com a esperança de fazer parte da “turma”, mas com a sensação de que o dever não foi cumprido, de que não me saí bem durante o encontro. Quem mandou não me lembrar do nome do autor do artigo que comparava homossexuais e cabras, ser inseguro com relação à língua inglesa e/ou não apresentar uma boa sugestão de pauta? Em meio a tantos questionamentos, segui em frente. A aprovação não veio, porém, a vontade de tentar novamente permaneceu.

Entre a desclassificação, no ano passado, e o envio deste novo texto, muita coisa se passou. Meu maior desafio, neste momento, é reinventar-me e responder a duas perguntas simples, objetivas e reveladoras, como deve (ou deveria) ser o trabalho jornalístico: quem sou eu e por que escolhi o jornalismo como profissão? Absurdo seria fazer apenas uma reedição do que escrevi em 2012, a exemplo do que fazem algumas escolas de samba durante o Carnaval. Reeditam um samba antológico e apresentam-se de forma mediana na avenida. Quem assistiu ao desfile do Império Serrano, em 2004, com a nova versão do “Aquarela Brasileira”, sabe do que estou falando.

Durante o período em que aguardei por esta nova oportunidade, vi o “meu” Francisco ser valorizado com a escolha do nome papal feito pelo então cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio. Com o ocorrido, parece até que são Francisco resolveu fazer morada onde vivo com minha família. Pássaros voltaram a fazer ninho não só nas roseiras que cultivo no jardim, mas dentro de casa também. Até um filhote de labrador apareceu por aqui em 25 de julho passado. Depois de dez anos morando no bairro de Maranguape II, na cidade do Paulista (PE), decidimos ter um cachorro.

O pequeno labrador, chamado de Nino, o Grande, veio numa data muito especial. Falei meu primeiro “papai” em 25 de julho de 1986; e colei grau e me tornei jornalista 25 anos depois, no mesmo 25 de julho, em 2012. Fiz, com essa lembrança, minha referência ao texto do ano passado. Espero não ter atravessado o samba. Das outras boas surpresas vindas nos últimos meses, aprendi a ser tio com a chegada de Helena Sofia, filha de meu irmão Ivo Yoshinori. Pequena princesa a quem chamo de “De Tróia”, numa clara alusão à Ilíada de Homero. Com ela, tornei-me tio além da escola.

Na busca do quem sou, decidi dedicar 2013 ao jornalismo e deixei as salas de aula. Meu “eu-professor”, por conta do curso de letras, pediu licença aos alunos e deu lugar ao “eu-jornalista” em busca de pautas, fatos e apurações. Amo contar histórias! Entre os “freelas” e a esperança na abertura de concursos públicos, deixei de ser voluntário de duas organizações, o Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014 e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), e fui contratado por ambas, no ano em que completei dez anos de voluntariado nas áreas de educação, esporte, cultura e eleitoral.

O trabalho para o COL pouco teve relação com o jornalismo. Fui assistente da Gerência de Voluntários durante a realização da Copa das Confederações. Mas, nesse período, fiz valer um dos aprendizados adquiridos durante minha passagem pela Assessoria de Comunicação do Tribunal de Justiça de Pernambuco: gerenciamento de crises. Elas passaram; eu, também. Agora, escrevo recém chegado de Natal (RN), onde fui assessor de Imprensa do COB durante os Jogos Escolares da Juventude. O próximo passo é seguir para Belém (PA), em novembro, e cobrir a segunda etapa dos Jogos.

A cada dia, as experiências vividas me fazem perceber, ainda mais, que escolhi o caminho certo. Não sei “como será o amanhã”, mas sei que sou Francisco Danilo Soares dos Santos Shimada, brasileiro, solteiro, 27 anos, jornalista, professor, torcedor do Sport Club do Recife, fã de esportes, virginiano e conhecedor dos artigos de J.R. Guzzo.

*Com o texto acima, pelo segundo ano seguido, cheguei até a última fase do processo seletivo para o Curso Abril de Jornalismo. Fui entrevistado por Edward Pimenta numa segunda-feira de dezembro de 2013, tendo a orla da Praia de Boa Viagem, no Recife (PE), como paisagem. Nossa conversa fluiu: 30 minutos sobre Clarice Lispector, biografias (não)autorizadas, blogues, artesanato pernambucano, minhas viagens, bicicletas e o que havia mudado em minha vida no último ano. Terminada a entrevista, fui direto para o aeroporto em direção aos Jogos Escolares, a Belém do Pará. A convocação para o Curso não veio, mas ficou a experiência e o aprendizado. 

Francisco Danilo Shimada

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Cinema, loteria e Globo de Ouro 2014

É mais fácil acertar os números da Mega-Sena do que alguns vencedores do Globo de Ouro 2014. Está bem! A comparação foi forçada, até porque eu só acertei um número na última aposta que fiz na loteca. Creio que terei mais sorte neste domingo, 12/1, quando serão anunciados os melhores do cinema, segundo os membros da Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood.

Como acompanho mais a sétima arte, não farei apostas relacionadas às séries de televisão. Não assisti a um episódio de "Breaking Bad", por exemplo. Joguem pedras, mas não consigo seguir os horários e as temporadas pela tevê. Muito menos pelos sites na internet. Paciência!

Voltando aos filmes, apresento uma breve explicação sobre a escolha nas categorias e indico apenas um nome em cada uma delas. O palpite teve de ser “certeiro” e levou em consideração minha torcida, histórico da premiação, perfil dos votantes e "sexto sentido". Minha aposta de segurança: “12 anos de escravidão”, do diretor Steve McQueen. Vamos às apostas?!

Drama

Depois de "Shame", Steve McQueen nos apresenta um dos melhores e mais verdadeiros relatos sobre a escravidão na América em "12 anos de escravidão". Trata-se do melhor filme entre os indicados, embora também goste de "Gravidade" e "Filomena". Pouca dúvida na hora de depositar minha aposta nessa categoria.

Atriz - Drama

Num duelo entre as rainhas "Elizabeth", no fechamento da lotérica, decidi ficar com a coroa, com o perdão do trocadilho, mais experiente. Judi Dench nos arrebata para / com a história da busca de uma mãe pelo filho em “Filomena”. Se a vencedora for Cate Blanchet, por "Blue Jasmine", o Globo de Ouro também estará em ótimas mãos.  Judi e Cate são as responsáveis por transformar esses filmes em obras preciosas.

Sobre a disputa entre as rainhas, no final da década de 1990, Judi Dench conquistou o Oscar de atriz coadjuvante ao interpretar "a rainha virgem" em "Shakespeare apaixonado". Na mesma época, também interpretando a maior rainha britânica, Cate Blanchet foi considerada a melhor atriz - drama por "Elizabeth", no Globo de Ouro.

Detalhe: Meryl Streep também poderia estar nessa categoria, mas foi indicada (e deve levar) o prêmio de melhor atriz em comédia / musical por "Álbum de família".

Ator - Drama

Poderia apostar Matthew McConaughey, que tem um desempenho digno em "Clube de compra Dallas", mas o escravo de Chiwetel é histórico. Aposta e prêmio garantidos.

Comédia / Musical

Difícil escolher o melhor filme comédia / musical, quando se tem os irmãos Cohen (Balada de um homem comum), David O. Russell (Trapaça), Alexander Payne (Nebrasca), Spike Jonze (Ela) e Martin Scorsese (O lobo de Wall Street) num mesmo grupo. Parece ser aquela escolha que se dá por conta de um número da sorte, um número especial, e, ao mesmo tempo, com cautela.

Pelo conjunto da obra, decidi pelo "lobo em pele de cordeiro?!" de Scorsese. Numa outra situação, escolheria "Nebrasca", ou "Balada...", ou "Ela"... Num devaneio da imprensa internacional, "Trapaça", com as bolinhas do sorteio um pouco "batizadas", leva o prêmio.

Atriz - Comédia / Musical

Seria cômico, se não fosse trágico... Seria trágico, se não fosse cômico... Trata-se de uma tragicomédia, ou de uma comédia dramática? Com quase 30 indicações ao Globo de Ouro, Meryl vence pelo dramático papel em "Álbum de família". Aposta, praticamente, certa.

Ator - Comédia / Musical

Novamente, uma das escolhas mais difíceis do jogo. Os cinco atores indicados nesta categoria são dos cinco filmes que concorrem ao prêmio de melhor comédia / musical. Leonardo DiCaprio conquista o prêmio por ser o que mais se enquadra naquilo que se espera de uma comédia. Ele está eletrizante em Wall Street. MAS... É impossível não se emocionar com o magnífico trabalho de Bruce Dern em “Nebrasca”.  Muitos aplausos para ele! Na mesma situação de Judi Dench e Cate Blanchet, com Bruce, o troféu também estará bem guardado.

Pela surpresa Oscar Isaac, em “Balada para um homem comum”, e pela delicadeza de Joquin Phoenix, em “Ela”, os dois atores também merecem uma “fezinha”. Christian Bale, por “Trapaça”, corre por fora. Tantos bons e premiados “números” para escolher...

Animação

Já que "Vidas ao vento", de Hayao Miyasaki, está fora do páreo e apenas foi indicado na categoria de filme estrangeiro, “Frozen” se destaca entre os três filmes concorrentes. Foi um período difícil para as produções norte-americanas. Achei “Os Croods” simpático(s); amo os Minions e gostei da continuação de “Meu malvado favorito”, mas ainda prefiro a animação japonesa de Miyasaki, que não foi indicada nesta categoria e tem pouquíssimas chances em língua estrangeira. Interessante seria se o “sorteio” fosse anulado, e novas “bolinhas” entrassem no globo.

Língua estrangeira

Tudo é belo no filme “A grande beleza”, de Paolo Sorrentino. De tão primoroso, parece que, ao escolher esse filme como minha aposta, eu havia sonhado com os números sorteados do jogo. Além do italiano e de “Vidas ao vento”, de Miyasaki, outros três filmes também estão na disputa.

O francês “Azul é a cor mais quente” arrebatou plateias por onde passou ao retratar um romance lésbico, ou melhor, um romance humano. O dinamarquês “A caça”, tido como o favorito ao Oscar, nos faz refletir sobre o poder devastador de uma afirmação (in)verídica ao tratar de questões familiares, paixões e pedofilia. O iraniano “O passado” traz de volta o diretor Asghar Farhadi a Hollywood, vencedor da categoria, em 2012, com o filme “Separação”.

Atriz coadjuvante

Não consigo pensar em outra escolha. É Lupita "na cabeça".

Ator coadjuvante

É pela transformação, é pela entrega, é pela dedicação... Jared é maravilhoso em "Clube de compra Dallas", embora eu também torça (e muito) Michael Fassbender (12 anos de escravidão). Poderiam dividir o prêmio entre os dois, a exemplo do que pode acontecer com a loteria. Detalhe: queria ter a segurança que tive na categoria de coadjuvante feminina, para escolher Fassbender. Daniel Brühl é o maior motivo para ver "Rush" e também merece consideração.

Diretor

Por mais que o trabalho de Afonso Cuarón, em "Gravidade", seja muito bem conduzido e um grande responsável pelo impacto causado pela aventura no espaço, McQueen é visceral. Se fosse possível, faria duas apostas. Oxe, mas posso fazer!

Roteiro

Tudo se encaixa na história, adaptação única para o cinema. Belo trabalho, técnico e sensível. Palpite certo!

Trilha sonora

"Gravidade" não seria "Gravidade" sem a trilha produzida por Price. Já ouvi / li a seguinte frase em algum lugar (ou não): música para os olhos. Outro palpite certeiro.

Canção original

Ouvi as cinco; minha primeira escolha (feita de olhos fechados, mas sem o "mamãe mandou eu escolher esse daqui") foi a canção composta para o filme sobre o líder sul-africano Nelson Mandela, falecido em dezembro de 2013. Outra aposta seria a canção "Let it go", do filme “Frozen”, composta por Kristen Anderson e Robert Lopez.

No final da premiação, creio que o 13 da sorte poderá ser chamado de 12 da sorte. No domingo 12, "12 anos de escravidão" deve ser o grande vencedor. Nas verdade, todos nós já somos vencedores.


Francisco Danilo Shimada