Recife, a exemplo de outras cidades, vive clima de Copa; e, nunca antes na história dessa cidade acostumada a bater recordes em linha reta, recebemos tantos turistas. E não! Não considero portugueses, espanhóis e holandeses de séculos passados nessa conta. Falo, exclusivamente, de turistas.
Hoje, mais cedo, tive de gastar todo o meu japonês, para orientar um desorientado grupo de "ancestrais" perdidos na Estação Joana Bezerra. Depois da conversa no idioma nipônico, partimos pro inglês. Tudo se resolveu. O destino deles era a Rodoviária TIP e, em seguida, Natal (RN). Seis japoneses animados e bastante dispostos a aproveitar cada instante no Brasil. Depois de um tempo, nem pareciam tão perdidos assim.
No mesmo bolo, já no TIP, um quarteto mexicano andava de um lado para o outro com um desejo “simples”: seguir viagem para Fortaleza. Depois da conversa, passadas as orientações, eles compraram as passagens e, mais tarde, seguirão para a capital cearense. O objetivo é acompanhar o duelo entre Brasil e México nesta terça (17). Em tom de brincadeira, que a seleção deles fique perdida em campo!
O melhor de tudo isso foi poder sentir a energia desse pessoal. O quanto eles estão felizes e agradecidos por estarem acompanhando uma Copa do Mundo no país do futebol, longe de qualquer conotação pejorativa. Tenho meus motivos, minhas decepções com a Copa, muito pelo que vi e vivi durante a Copa das Confederações em 2013. Mas, agora, nada disso me impossibilita de viver esse clima de festa. Jamais deixei que “uma velha mágoa se transformasse em chaga antiga”. Não seria agora!
Dos encontros internacionais, chego a pensar que o perdido sou eu em meu próprio país. Os japoneses e mexicanos - e tantos outros de várias partes do Mundo - vieram ao Brasil para "se perder", e da melhor maneira possível. Dessa forma, eles estão, na verdade, se encontrando por aqui. Alguém disse, não me lembro quem, "muitas vezes, para se encontrar, é preciso se perder". Eles estão felizes, sorridentes e dispostos a viver tudo isso como se fosse a última vez.
Todos nós estamos perdidos, sim. Mas já estamos nos encontrando! Sorriso no rosto e boa vontade!
Francisco Danilo Shimada
segunda-feira, 16 de junho de 2014
Perdidos, eles se encontram #RelatosDaCopa
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sábado, 7 de junho de 2014
Eu perdi o meu medo da chuva
No metrô, mais cedo, um argentino começou a tocar e cantar músicas brasileiras. Raul Seixas, Alceu Valença e Luiz Gonzaga no repertório. O esforço dele, tentando cantar em português, chamou a atenção de todos no vagão.
Ao cantar "Medo da chuva", de Raul Seixas, o argentino me brindou com a grata surpresa da lembrança. Ao meu lado, uma senhora, com sorriso singelo, derramava algumas lágrimas. Em meu canto, eu derramava as minhas.
Uma estação depois, a senhora desceu. Levou consigo os porquês daquelas lágrimas, daquele sorriso. Pouco depois, o argentino, com algumas moedas no chapéu, também partiu. Por último, desci carregando os motivos de minhas lágrimas, dores, alegrias, tristezas, felicidades...
É preciso perder o medo da chuva, para aprender o segredo da vida. O argentino, a senhora e Raul fizeram-me lembrar disso; algo que, há muito, eu havia me esquecido. Analisando tudo o que tem acontecido, eu já posso cantar: "Eu perdi o meu medo, o meu medo, o meu medo da chuva".
Postado por mim, originalmente, no Facebook, em 27 de maio de 2014.
Francisco Danilo Shimada
Ao cantar "Medo da chuva", de Raul Seixas, o argentino me brindou com a grata surpresa da lembrança. Ao meu lado, uma senhora, com sorriso singelo, derramava algumas lágrimas. Em meu canto, eu derramava as minhas.
Uma estação depois, a senhora desceu. Levou consigo os porquês daquelas lágrimas, daquele sorriso. Pouco depois, o argentino, com algumas moedas no chapéu, também partiu. Por último, desci carregando os motivos de minhas lágrimas, dores, alegrias, tristezas, felicidades...
É preciso perder o medo da chuva, para aprender o segredo da vida. O argentino, a senhora e Raul fizeram-me lembrar disso; algo que, há muito, eu havia me esquecido. Analisando tudo o que tem acontecido, eu já posso cantar: "Eu perdi o meu medo, o meu medo, o meu medo da chuva".
Postado por mim, originalmente, no Facebook, em 27 de maio de 2014.
Francisco Danilo Shimada
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