O texto a seguir não tem função jornalística, literária, histórica, filosófica... Apenas tive vontade de escrevê-lo, em 6 de agosto de 2012. Este é o terceiro ano que o compartilho na véspera da data, 6 de agosto, que marca a destruição de Hiroshima e, posteriormente, Nagasaki durante a II Guera Mundial.
Republico o texto abaixo com as devidas alterações.
...................................................................................................................................................................
Terra do Sol Nascente
Numa segunda-feira, em 6 de agosto de 1945, há exatos 69 anos, a cidade japonesa de Hiroshima foi atingida pela bomba atômica “Little Boy”, lançada pela Força Aérea dos Estados Unidos da América (do Norte). Três dias depois, foi a vez de Nagasaki, outra importante cidade do Japão, ser destruída pela bomba nuclear “Fat Man”.
Estima-se que 220 mil pessoas morreram durante esses dois ataques, que marcaram o “fim” da II Grande Guerra Mundial. Milhares de pessoas continuaram morrendo, nos anos seguintes, em decorrência da radioatividade.
Antes que possam questionar, o que escrevo não objetiva minimizar as atrocidades cometidas por japoneses, alemães, italianos, britânicos, russos, norte-americanos e tantos outros povos durante a Segunda Guerra, ou em outros conflitos. Brasileiros, argentinos e uruguaios, por exemplo, também liquidaram os irmãos paraguaios em assombroso conflito durante a Guerra do Paraguai. Pernambuco, estado onde nasci e vivo, também foi bastante mutilado por ter uma população outrora bastante aguerrida.
Tenho minhas razões para lamentar o massacre no Japão. Meus avós paternos conseguiram escapar de Hiroshima antes do bombardeio. "Abandonar" o lar e os amigos; saber que tudo será destruído; deixar toda uma vida para trás dói bastante. É de uma violência assustadora. Daí vem o meu "lamento". Eles conseguiram, e sou grato por isso. Mas milhares de pessoas não tiveram a mesma oportunidade.
Se hoje estou aqui, foi graças à sorte de eles, meus avós, terem deixado o Japão a tempo... Chegado ao Brasil... Tido meu pai em São Paulo... E meu pai, nissei nipo-brasileiro paulista, ter encontrado minha mãe miscigenada e paraibana já em 1985. Dessa união, nasci sansei.
Confio, torço, rezo, espero que tais fatos jamais tornem a acontecer. Confio, torço, rezo e espero (ainda mais) para que todos os nossos atuais conflitos possam acabar um dia.
A exemplo do que escrevi no início, jamais aceitarei a paz pela guerra, pela destruição desumana, pelo sadismo... ACREDITO NA VIDA. ACREDITO NO AMOR E NA SORTE. SOU FRUTO DELES!
Quem passou por grandes perdas sabe do que estou falando. Embora eu também saiba: é muito difícil mensurar o tamanho da dor de cada um. Não vivi, diretamente, nenhum grande conflito bélico. Mas não posso ficar alheio aos que acontecem pelo Mundo. Difícil viver com meu olhar de caridade inútil que, por vezes, me sufoca, diante de tantas tragédias. Tento agir através das palavras.
Dani(ro)lo Shimada
P.S.: Não tenho o crédito da foto. Se alguém souber o autor, por favor, avisem-me.
Paulista (PE), 6 de agosto de 2012.
